Cinema | 30 de março de 2022

7 Prisioneiros e a escravidão dos novos tempos

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Christian Malheiros e Rodrigo Santoro são os protagonistas do filme de Alexandre Morrato

 
 

7 Prisioneiros, uma produção brasileira que figurou, em novembro de 2021, entre os dez filmes mais vistos na Netflix, é um retrato da escravidão nos tempos atuais. Protagonizado pelos atores Rodrigo Santoro e Christian Malheiros e lançado no ano passado, o longa-metragem, dirigido por Alexandre Morrato, recebeu o prêmio de Melhor Filme Internacional, no NAACP Awards, premiação concedida pela National Association for the Advancement of Colored People, dos Estados Unidos.

O filme, que atraiu a atenção do público, faz um recorte da escravidão no mundo contemporâneo, uma triste herança do período escravagista que assolou, e ainda assola, diferentes comunidades, como os africanos, as mulheres e os orientais. No trabalho de Morrato, o retrato foca nas pessoas que migram para às metrópoles em busca de uma vida melhor e mais farta. Porém, elas encontram desgraça e servidão sem fim!

Mateus, personagem de Malheiros, ao lado de outros conterrâneos, deixa uma pacata cidade do interior de São Paulo com a promessa de que vai trabalhar, ganhar muito dinheiro e tirar, de uma vez por todas, a mãe do trabalho na roça. Chegando à capital paulista, mais precisamente no ferro velho de Luca, figura interpretada por Santoro, ele encontra um outro cenário, em que, por mais que dê raça e trabalhe muito, ele segue aprisionado às dívidas por morar no ferro velho e por ter sido trazido do interior.

Sim, Mateus, assim como os outros jovens, caíram em uma cilada. Em uma velha cilada! Aquela em que o patrão cobra a hospedagem, a alimentação e o equipamento de trabalho a preços absurdos. Tão absurdos que os trabalhadores nunca vão sanar a dívida. tornando-se assim escravos em pleno século XXI.

O esquema denunciado em 7 Prisioneiros, infelizmente, é real. Além dos jovens, que são levados para o ferro velho de Luca, o filme ainda expõe o trabalho escravo em confecções de roupas e à venda de imigrantes por traficantes de pessoas. O longa-metragem se passa em São Paulo, mas poderia ser em qualquer lugar do Brasil, que atualmente contabiliza mais de 14 milhões de desempregados.

7 Prisioneiros, que segue disponível na gigante do Netflix, é um filme necessário, indigesto, apreensivo. Sob a direção de Morrato, o elenco está afiado com a proposta, e o longa é muito bem encaixado, narrado, fluído.

   

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