Afroturismo: Circuito Ou(T)ro Preto realiza formação de guias
por Felipe PedrosaCasa dos Contos é um dos pontos de visitação na cidade histórica de Ouro Preto
Para que o Afroturismo tenha ainda mais força em Ouro Preto, destino histórico mais procurado em Minas Gerais, é necessário um primeiro passo: a formação de guias. Pensando nisso, o Circuito Ou(T)ro Preto, projeto que une visitas guiadas com foco na história afro-brasileira e um curso gratuito de formação, foi lançado. Potente articulação entre cultura, memória e profissionalização, a iniciativa promete contemplar educadores, estudantes da rede pública, pesquisadores, turistas e moradores locais. A ideia é contar a história da cidade a partir do protagonismo negro.
“A ideia deste projeto é fazer a valorização dos povos negros na formação de Ouro Preto, colocando o município na vitrine do Afroturismo. Ouro Preto deveria ter mais visibilidade, pois é uma cidade construída por mãos negras, mãos que deixaram as construções que ainda estão aqui. E essa trajetória não é valorizada. A nossa potência é mundial”, diz Eduardo Du Evangelista, engenheiro e idealizador da Mina Du Veloso e do próprio Circuito Ou(T)ro Preto.
“O que a Meca representa para os Mulçumanos, Ouro Preto representa para os povos diaspóricos. É um legado que os povos negros deixaram aqui.”
Eduardo Du Evangelista, idealizador do Circuito Ou(T)ro Preto.
O Circuito Ou(T)ro Preto, que consiste na formação dos guias, na consolidação do circuito de turismo Afrocentrado de Ouro Preto e na visitação gratuita dos alunos, vai percorrer locais simbólicos em Ouro Preto, como, por exemplo:
- Mina Du Veloso: galerias subterrâneas construídas com técnicas africanas;
- Casa dos Contos: antiga fundição de ouro que traz o domínio técnico dos trabalhadores africanos;
- Museu da Inconfidência: um dos mais emblemáticos do país.
Ao visitar esses locais, os participantes, tanto das visitas quanto do curso de formação, vão experenciar momentos de escuta, reflexão e aprendizado sobre as tecnologias, os saberes e a resistência dos povos africanos no Brasil. As visitas serão coordenadas por especialistas, promovendo leitura crítica e integrando ações educativas com práticas culturais.
“Vamos positivar o termo ‘negro’, que foi criado para ser negativo, mas vamos trazer todos os pontos positivos, principalmente na construção de Ouro Preto.”
Leo Ferreira, coordenador do circuito
ESPECIALIZAÇÃO EM AFROTURISMO
O curso de Educação Patrimonial Afrocentrado, que é oferecido de graça pelo 1º Circuito Ou(T)ro Preto, tem como objetivo capacitar guias locais, tanto jovens quanto adultos, com conhecimentos históricos, culturais e técnicos para atuação no mercado do turismo cultural. A atividade promoverá autonomia, geração de renda e qualificação do setor, além de fomentar uma rede de multiplicadores que vão ampliar as ações de valorização da cultura negra em Minas.
A atividade será ministrada pela equipe do Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos (IPN), do Rio de Janeiro, e as inscrições vão acontecer entre os dias 2 e 20 de junho. As aulas serão de 23 a 28 de junho, e os participantes receberão certificação. O formulário para inscrições está disponível no perfil @minaduveloso.
O Circuito Ou(T)ro Preto também atenderá cerca de 1.200 crianças matriculadas em escolas públicas, tanto da região central de Ouro Preto quanto dos pequenos distritos, com visitas guiadas à Mina Du Veloso, à Casa dos Contos e ao Museu da Inconfidência. A atividade contará com os guias do curso de Educação Patrimonial Afrocentrado.
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