Agenda | 29 de janeiro de 2024

Carnaval de BH: conheça Di Souza, regente do Então Brilha!

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Músico é uma das figuras responsáveis pelo reaquecimento do Carnaval de Belo Horizonte

 
 

“Minha carne é de Carnaval”. O verso chave da música “Swing de Campo Grande”, lançada pelo grupo musical Novos Baianos em 1972, no clássico disco “Acabou Chorare”, poderia muito bem ser um resumo da vida de Christiano de Souza Oliveira, conhecido como Di Souza, artista de 30 e poucos anos que, ao lado de outras figuras emblemáticas, reconstruiu o Carnaval de BH, que é considerado, neste 2024, um dos principais do Brasil. O reavivamento da folia na capital mineira, a propósito, teve início no ano de 2009. Quem viveu, sabe!

“Não só me sinto como um dos responsáveis por este renascimento como historicamente sou. Mas é importante ressaltar que sou assim como outros personagens são. Este Carnaval valoriza muito o fazer coletivo, aquilo que emerge da cidade e da coletividade, mas não se deve se esquecer dos artistas responsáveis por este grande feito que é o Carnaval de rua”, explica Di Souza.

Vale destacar que o artista é o fundador dos blocos belo-horizontinos É o Amô, Pisa na Fulô, Abre-Te Sésamo e Circuladô. Ele também participou ativamente do surgimento do Pena de Pavão de Krishna, do Baianas Ozadas e do Então, Brilha!, agremiação que desfila na região central de BH, com concentração na madrugada do dia 10/0.

Em resumo, Di Souza, neste 2024, poderá ser visto nos seguintes blocos:

  • Havayanas Usadas
  • Volta Belchior
  • Juventude Bronzeada
  • Como te lhamas
  • Então, Brilha!
  • Pisa na Fulô
  • Abre-te Sésamo
  • É o Amô
  • Circuladô

INFÂNCIA

Mineiro de Piedade de Ponte Nova, cidade da Zona da Mata, Di Souza começou a flertar com o Carnaval ainda na infância – a relação do agora multiartista com a festa teve início no Bloco do Golo. “Aos 6 anos, participei do meu primeiro desfile, na minha cidade Natal. Eu era uma espécie de mascote do bloco e tocava ganzá de maneira amadora, mas já demonstrava ritmo. Eu era um café com leite na brincadeira”, relembra o músico, explicando que a expressão “café com leite”, em meio a folia, significa uma pessoa que está no cortejo, mas não tem tamanha importância.

Importância, aliás, é o que Di Souza mais teve na última década, período em que a festa do Rei Momo, entre uma caixa e outra, ressurgiu nos bairros da Terra das Alterosas. “O Carnaval de BH representa transformação, luta, resistência, encontro, alegria, festa, revolução – ele é uma turbulência amorosa e festiva que convida todas as pessoas para uma ressignificação da cidade e da vida”, filósofa ele, deixando claro que, apesar dos mais de 400 blocos da cidade, incluindo aí todos os que ele ajudou a fundar ou não, o mais importante é o sentimento Carnaval.

GENTE É PRA BRILHAR!

Parafraseando o tema do bloco Então, Brilha!, Di Souza foi embalado pela onda, contagiado pelo axé e, há mais de dez anos, canta, dança e profetiza aos quatro cantos: “gente é pra brilhar”. “O Brilha! é responsável pela minha entrada no Carnaval de BH, pois foi o primeiro bloco que regi. Além disso, ele é representativo para a cidade, sempre defendeu muitas pautas importantes e abriu espaço para o que a festa se transformou hoje. Pra mim, ele é o início de tudo”, confessa o regente, afinal, após sua imersão no bloco, ele passou a trilhar novos caminhos musicais.

Além dos dias de cortejo, entre fevereiro e março, dependendo sempre do calendário cristão, Di Souza vive um Carnaval durante todo o ano, tanto como professor de música, quanto na carreira de cantor solo – inclusive, em 2020, ele lançou o primeiro disco solo. “Nos outros dias do ano, eu sigo sendo carnavalesco, pensando no Carnaval, fazendo festa, subvertendo a ordem das coisas por meio da arte. Eu tenho uma escola de percussão, que se chama Percussão Circular e que forma muitos batuqueiros para a cidade. É uma escola muito importante”, finaliza Di Souza.

CARNAVAL DE BH

Dois dos blocos que estão na história de Di Souza, o Pena de Pavão de Krishna e o Pisa na Fulô, vão se encontrar no Armazém do Campo, no primeiro fim de semana de fevereiro. A festa Krishna na Fulô” terá início às 19h, e os ingressos estão à venda na plataforma Sympla. Confira mais detalhes deste encontro.

*Esta reportagem foi originalmente escrita para o jornal O Tempo e publicada em 2020
📷 Palestina/Divulgação

   

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